"É inegável que o indvíduo, em estado de probreza, pode ser tentado a desviar-se para o mundo do crime. A sua vulnerabilidade pode induzi-lo a isso. Ocorre que pessoas de classe média ou rica também são vulneráveis. São essas, por exemplo, que alimentam a traficância de drogas ilícitas. Mas a prova de que a probeza não é sinônimo de criminalidade é que a maioria dos pobres, ao invés de partir para o crime, quedam-se nas sarjetas, tornam-se pedintes, mendigos... Ser criminoso ou não, quando não condenado injustamente, é, portanto, uma opção moral."
Ontem, o jornal O Globo, no seu editorial, confirma as impressões do autor deste Blog e destrói de forma convicente o vestuto sofisma segundo o qual o fundamento da criminalidade reside na pobreza ou na desigualdade social. Para o jornal:
"A realidade do Primeiro Mundo demole a visão ingênua de que a solução para todos os males da segurança deriva do equacionamento dos desníveis sociais. O estágio de desenvolvimento não assegura a inexistência de um banditismo violento e letal, embora não se deva menosprezar a contribuição da pobreza à criminalidade".Leia aqui o editorial completo "O valor da polícia", de O Globlo.
Hoje, o economista brasileiro José Alexandre Scheinkman, professor na Universidade Princeton (EUA), traz em seu artigo "Crime e castigo", publicado no jornal A TARDE (Salvador, 21/05/2006, p. 23) uma importante informação:
"Nos anos 90, houve um declínio formidável do crime nos EUA; a taxa de homicídio per capita caiu 43%, e a de crimes violentos, 33%. Esse foi um período de crescimento da economia, mas as melhores estimativas são que a prosperidade teve um efeito pequeno nos crimes contra a propriedade e praticamente nulo na violência."
Naquela época a bandidagem inciava os famosos resgates de comparsas nas delegacias. Lembro do ataque ao distrito policial do Itaim Paulista, o famoso "Cinqüentinha" (50º DP), Zona Leste da capital paulista. Atualmente, os bandidos já conseguem parar, imobilizar toda a megalópole. Isso implica, admita-se, na triste e anunciada superação de um sistema de há muito combalido.É o lamentável desfecho da falência da segurança pública nacional.
Na base dessa estrutura falida encontra-se um elemento corrosivo que pouca gente neste País tem respaldo moral para combater, porque dele tira proveito: a corrupção. Por mais avançadas que sejam as tecnologias, elas sempre e sempre dependerão da intervenção humana, que bloqueia e desbloqueia as coisas ao sabor dos mais diversos interesses. O "mensalão", a "máfia dos sanguessugas", o "terror do PCC" sinalizam essa inevitável conclusão: o sistema brasileiro de segurança pública já reclamava e agora reclama muito mais uma urgente reestruturação.
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