O governo americano divulgou nesta sexta (21) um documento que vale por um exame de consciência.
Redigiu-o o NIC (National Intelligence Council). Trata-se de entidade que coordena as agências de inteligência dos EUA.
O texto informa: nas próximas duas décadas, vai decair o poderio econômico, militar e político dos Estados Unidos no mundo.
O relatório chama-se Global Trends 2025 (Tendências Mundiais 2025). Documentos do gênero são redigidos sempre que há troca de comando na Casa Branca.
Neste último, prevê-se o seguinte:
1. A atual crise financeira marca o início de uma grande mudança na economia global;
2. Haverá transferência de renda do Ocidente para o Oriente;
3. O dólar vai definhar;
4. Os EUA continuarão sendo o país mais poderoso do mundo. Mas perderão parte de sua influência para países como China, Índia, Brasil e Irã.
5. Nos "próximos 20 anos de transição para um novo sistema estão cheios de riscos" para os EUA;
6. Até 2025, o mundo pode se tornar um lugar mais perigoso, com menos acesso das populações à comida e água.
7. Com novos pólos de poder, o mundo terá mais conflitos do que na época da Guerra Fria, marcada pela bipolaridade entre EUA e União Soviética.
8. O aquecimento global e a escassez de recursos naturais provocarão guerras no futuro;
9. A disseminação de armas nucleares também deve crescer. Estados vistos como "párias" e grupos terroristas terão acesso a artefatos nucleares;
10. Para a inteligência americana, a ação dos líderes globais será decisiva para os rumos do planeta.
Tudo considerado, os EUA parecem se dar conta de que vai chegando ao fim a fase em consideravam-se portadores de salvo-conduto para cumprir os desígnios de potência econômica e moral do Universo.
Em passado recente, costumava-se aceitar com passividade bovina a idéia de que eram movediças as fronteiras do interesse americano.
A nuvem de poeira que subiu do World Trade Center como que desenhou sobre o telhado da Casa Branca um temerário halo de divindade.
Imaginava-se que, depois de Pearl Harbor, ninguém jamais ousaria alvejar os EUA dentro de sua própria casa.
Os inimigos podiam até enfrentar os americanos nas inúmeras trincheiras que cavaram mundo afora. Os vietcongues chegaram mesmo a subjugá-los.
Mas a memória da retaliação atômica contra o Japão oferecia ao americano a utopia da segurança absoluta. Uma utopia que ruiu junto com as torres gêmeas do Trade Center.
Sob as ruínas do símbolo da pujança financeira dos EUA, escondia-se a principal novidade deste início do século 21: os conflitos já não eram movidos a ideologia.
Tampouco eram guiados apenas pelo interesse econômico. As guerras futuras oporiam civilizações.
De um lado, o Ocidente cristão e o seu fundamentalismo financeiro. Do outro, o indecifrável Oriente islâmico e o seu fundamentalismo maometano.
Agora, o cheiro acre dos cadáveres americanos vindos do Iraque e a ruína de Wall Street conduzem o establishment do império à fase de reflexão.
Bom, muito bom, ótimo. Se impõe riscos aos EUA, essa perspectiva de um mundo multipolar abre uma avenida de oportunidades para outros países. Inclusive para o Brasil.
PS.: Ilustração via sítio Charges do Benett.
Redigiu-o o NIC (National Intelligence Council). Trata-se de entidade que coordena as agências de inteligência dos EUA.
O texto informa: nas próximas duas décadas, vai decair o poderio econômico, militar e político dos Estados Unidos no mundo.
O relatório chama-se Global Trends 2025 (Tendências Mundiais 2025). Documentos do gênero são redigidos sempre que há troca de comando na Casa Branca.
Neste último, prevê-se o seguinte:
1. A atual crise financeira marca o início de uma grande mudança na economia global;
2. Haverá transferência de renda do Ocidente para o Oriente;
3. O dólar vai definhar;
4. Os EUA continuarão sendo o país mais poderoso do mundo. Mas perderão parte de sua influência para países como China, Índia, Brasil e Irã.
5. Nos "próximos 20 anos de transição para um novo sistema estão cheios de riscos" para os EUA;
6. Até 2025, o mundo pode se tornar um lugar mais perigoso, com menos acesso das populações à comida e água.
7. Com novos pólos de poder, o mundo terá mais conflitos do que na época da Guerra Fria, marcada pela bipolaridade entre EUA e União Soviética.
8. O aquecimento global e a escassez de recursos naturais provocarão guerras no futuro;
9. A disseminação de armas nucleares também deve crescer. Estados vistos como "párias" e grupos terroristas terão acesso a artefatos nucleares;
10. Para a inteligência americana, a ação dos líderes globais será decisiva para os rumos do planeta.
Tudo considerado, os EUA parecem se dar conta de que vai chegando ao fim a fase em consideravam-se portadores de salvo-conduto para cumprir os desígnios de potência econômica e moral do Universo.
Em passado recente, costumava-se aceitar com passividade bovina a idéia de que eram movediças as fronteiras do interesse americano.
A nuvem de poeira que subiu do World Trade Center como que desenhou sobre o telhado da Casa Branca um temerário halo de divindade.
Imaginava-se que, depois de Pearl Harbor, ninguém jamais ousaria alvejar os EUA dentro de sua própria casa.
Os inimigos podiam até enfrentar os americanos nas inúmeras trincheiras que cavaram mundo afora. Os vietcongues chegaram mesmo a subjugá-los.
Mas a memória da retaliação atômica contra o Japão oferecia ao americano a utopia da segurança absoluta. Uma utopia que ruiu junto com as torres gêmeas do Trade Center.
Sob as ruínas do símbolo da pujança financeira dos EUA, escondia-se a principal novidade deste início do século 21: os conflitos já não eram movidos a ideologia.
Tampouco eram guiados apenas pelo interesse econômico. As guerras futuras oporiam civilizações.
De um lado, o Ocidente cristão e o seu fundamentalismo financeiro. Do outro, o indecifrável Oriente islâmico e o seu fundamentalismo maometano.
Agora, o cheiro acre dos cadáveres americanos vindos do Iraque e a ruína de Wall Street conduzem o establishment do império à fase de reflexão.
Bom, muito bom, ótimo. Se impõe riscos aos EUA, essa perspectiva de um mundo multipolar abre uma avenida de oportunidades para outros países. Inclusive para o Brasil.
PS.: Ilustração via sítio Charges do Benett.
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